domingo, 18 de julho de 2010

BAILAR SÓ - Por Steve Paxton (criador do contato improvisação)

BAILAR SÓ
Por Steve Paxton

Dançar só não existe: o bailarino dança com o piso e se houver participação de outro bailarino há um quarteto, cada um dançando com a terra e com o outro.
Nos Estados Unidos surgiu esta nova forma de dança que é chamada "Contato improvisação" e que transformou cada bailarino numa superfície de dança sobre a qual se pode bailar. À primeira vista se parece com modalidades de luta, danças compulsivas, ou fazer amor, acrobacia e malabarismos, porém não é nada disto.
Descreve totalmente a parte física e a caracterizamos melhor em termos de aspectos de possibilidades das pessoas improvisando livremente, com movimentos que utilizam o chão e o corpo do outro como superfície.
É uma entrega constante da gravidade e inércia dentro do impulso do movimento, como se fora a outra pessoa uma superfície igual ao solo.
Ao outro entregamos peso da pele, músculos e ossos; órgãos em sua totalidade e as variações em dar e receber peso, sem coreografias ou papéis pré estabelecidos, e de modo totalmente fluido e espontâneo.
Não existem papéis pré estabelecidos pelos bailarinos. Existe somente a compreensão de que cada um pode dar e receber peso a qualquer momento.
Isto nos conduz da parte física desta dança ao estado mental de permitir liberdade e confiança mútua, enquanto a mente permanece livre de preconceitos e recordações. Está somente no momento presente, meditando sobre as possibilidades e as passagens mais fáceis de energia, de que dispõem ambos. Estando os bailarinos num estado de ENTREGA, a confiança em si mesmo e no outro é total, pois deve estar sempre presente a capacidade de ajudar e a comodidade mútua. O bailarino conta com seu peso somente para oferecê-lo e não para possuí-lo.
O último fator que consideramos aqui é o tempo dividido em minutos e segundos que, talvez, turve a percepção de sua própria fluidez.
Porém, nesta dança todas as unidades de tempo se definem pelas velocidades de massas independentes ou semi-independentes.
Estando comprometidos no movimento e o que se passa com os corpos, o tempo transcorre tão rapidamente quanto se movem os bailarinos, provocando um estado de queda constante.
As glândulas reagem como aquelas quedas em que o tempo aparentemente se detém e, então, os bailarinos trocam seus conceitos "pedestres" por outro sentido de tempo!
Permitem, assim, aalguns controles na interminável cadeia de incidentes que tenham provocado: é a IMPROVISAÇÂO fazendo CONTATO.

* Texto fornecido pela profª Ana Alonso em oficina de dança em 2009 e postado pela profª Mayana Marengo em 18/07/2010

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