MOVIMENTO TDI - QUEM SOMOS NÓS E O QUE PENSAMOS
por oberDan Piantino e Mayana Marengo
setembro de 2009
Era uma vez uma oficina de dança que acontecia aos sábados no campeche...e dançar só aos sábados era pouco...então, percebendo a necessidade de mais contato com a comunidade e seus movimentos artísticos, os participantes desta oficina criaram um conjunto de ações culturais integradas pela DANÇA. Porque a dança reúne...
Partimos do simples: somos artistas e moramos nesta comunidade; somos artistas e entendemos que ações culturais, como acontece com a dança, partem de uma ou duas ou três pessoas que criam um TERRITÓRIO de intervenção na rotina, nas normas, nas posturas e códigos de uma comunidade. Tal território contamina quem se aproxima. As pessoas podem entrar no fluxo dessa energia e ampliar o território.
O Movimento TDI possui 4 ações distribuídas por diferentes momentos e lugares da região do Campeche. Essas ações visam proporcionar à comunidade, experiências e situações onde DANÇAR seja uma atividade intuitiva, e de CONTATO COMUNITÁRIO.
Acreditamos que a DANÇA CONTATO IMPROVISAÇÃO pode proporcionar saúde e respeito pelo nosso corpo e pelo corpo do outro. Somos uma comunidade feita (não somente de delimitação geográfica) por corpos que se movimentam ao passear, atravessar a rua, comprar no mercado, andar de bicicleta...atravessamos essa porção de terra próxima ao mar, constituída de pessoas de idades, constitições físicas e valores culturais tão diversos... Pensamos assim que a dança pode reunir a multiplicidade e as singularidades em um momento onde tudo isso fica pequeno perto da ética da vida em seu movimento ao mesmo tempo físico, biológico e cultural. A arte movimenta as contradições da vida. Fazer dança é treinar a arte de viver.
No dia a dia, a rotina nos faz esquecer que toda ação é o movimento de estarmos vivos: espreguiçar-se e tirar o cobertor de cima do corpo ao acordar; abrir a porta da geladeira; tirar a panela do fogo; escovar os dentes; amarrar o cadarço do tênis; dar adeus com as mãos; cumprimentar colegas de trabalho ou escola.
Todas essas ações cotidianas são movimentos que ficam marcados em nossa memória corporal e afetiva, precisamos delas para o nosso bem estar.
Porém, somamos à essas ações simples o hábito de repetir movimentos de travamento e desgaste do corpo. E sabemos que, pela falta de treino, não temos consciência que nosso corpo sofre. Todos os dias forçamos o corpo à pequenas ações que somadas e reetidas, são prejudiciais: mantê-lo em posições tensas ou confortavelmente sedentárias; lançá-lo sem preparação a contatos bruscos, etc.
Dança é o contrário da imobilidade e do impacto sem reação saudável.
Por isso, o que chamamos por doença, pode ser considerado, antes de tudo, falta de movimento: falta de circulação da energia de viver pelo corpo; falta de contato saudável com nossos familiares, amigos e vizinhos e com as superfícies sobre as quais pisamos, construímos relações, empreendimentos e expressões; falta de postura adequada na pega e uso de nossos objetos cotidianos; falta de respeito pelo corpo no contato com o corpo do outro. Sem esquecer que a distância não é sinônimo de respeito. Dar as mãos em auxílio, oferecer o ombro e enxugar lágrimas com a mão diante do sofrimento do outro, saber usar do silêncio como momento de respeito e respiração - é o CONTATO com a diferença, o que nos faz agentes em transformação em nossa comunidade. Transformação é movimento. Dança é transformação.
Focamos dança com jovens e adultos porque, apesar de acreditar que todos podem dançar, pensamos que o adulto é o que menos aproveita as possibilidades do corpo para se expressar; para se conectar com seus sentimentos e com a energia da vida em seu estado mais fluido e saudável.
Dançar é fazer contato com as possibildades e limitações do corpo em cada caso específico. Dançar é criar consciência corporal que nos permite estar livres para intuir movimentos, ações e relações.
Texto escrito por oberDan Piantino e
Mayana Marengo em setembro de 2009
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